Será que minha dor é psicológica?

Geralmente, a dor está relacionada, sim, com questões psicológicas e emocionais. É possível investigar se as emoções são a origem ou a consequência, mas a conexão com com a dor física é inevitável. As causas podem ter origem na forma de educação, religião, grupo de convívio, fonte de informações sobre a vida sexual, entre tantas outras. Se você procurou um ginecologista para encontrar um tratamento, pode ter escutado que “é só relaxar” para não sentir dor. Entretanto, não funciona, né? Isso acontece porque é uma combinação de fatores emocionais e físicos.

Diferença entre vaginismo dispareunia e vulvodínia

Vaginismo é exclusivamente uma tensão muscular. A musculatura tensiona de uma forma que impede a passagem de um dedo, absorvente interno. Exame ginecológico e pênis, então, é quase impossível.

Na dispareunia, a penetração gera uma sensação de ardência ou queimação, que pode permanecer durante toda a relação ou cessar após alguns instantes. As causas pode ser um infecção, endometriose ou miomas. Caso os exames clínicos não apontem uma dessas origens, a dispareunia é causada também por uma tensão muscular.

Já na vulvodínia, o desconforto acontece na vulva, grandes e pequenos lábios, clitóris e interior do canal vaginal. Nesse caso, a dor e alta sensibilidade ocasionam um travamento da musculatura. O tratamento envolve múltiplos fatores, mas inicia pelo treinamento do relaxamento muscular.

Será que meu hímen é culpado?

Muitas mulheres, quando não conseguem ter sua primeira relação sexual com penetração, acreditam que o hímen é o culpado. Mas o que muitas não sabem é que o hímen não tem terminações nervosas e nem vasos sanguíneos, então ele não dói e não sangra. O culpado pela dor, pelo sangramento e pela dificuldade da penetração, na verdade, é a tensão da musculatura íntima. Essa musculatura, chamada assoalho pélvico, engloba 13 músculos que entram em tensão em conjunto e dificultam muito a relação sexual. Uma pequena parcela das mulheres tem hímen complacente (aquele que não se rompe na primeira relação) ou algum septo vaginal que dificulta a penetração. Mas, geralmente, o hímen nunca é o culpado pela dor na relação.

Como funciona o tratamento?

Quando a ginecologista não diagnostica um problema clínico que precise ser tratado por meio de medicamentos, então a solução está no estímulo do relaxamento, alongamento e dessensibilização da região íntima. Para isso, um dos meios mais eficazes é a fisioterapia pélvica. Muitas mulheres não encontram fisioterapeutas pélvicas na sua região, por isso, o programa Quando Amar Dói pode ajudar aquelas que não tem a possibilidade de realizar uma consulta presencial. Para as que têm acesso ao consultório de uma profissional, o programa complementa o tratamento.

Vou perder minha virgindade durante o tratamento?

Existe a crença de que a virgindade está relacionada ao hímen. O hímen é uma membrana elástica, com cerca de 2 mm de espessura, possui vãos por onde escoa a menstruação e, ao contrário do que pensam, ele não é um símbolo de virgindade. Culturalmente é quase um sinônimo mas, para mim, perdemos a virgindade quando iniciamos a nossa vida sexual. Então, não se preocupe com o hímen durante o tratamento ou o programa. Será feito um processo de alongamento e relaxamento da sensibilidade do interior do canal vaginal. Entretanto, a paciente não vai perder a sua virgindade.

Como explicar ao meu parceiro que sinto dor?

Um grande número de mulheres que chega ao meu consultório admite que esconde do seu parceiro que sente desconforto. Já ouvi relatos de pacientes que, após transar, se esconderam no banheiro para chorar. Se você tiver um companheiro (ou companheira), é muito importante que ele participe do processo de reabilitação. É fundamental a compreensão e entendimento do parceiro sobre a tensão muscular, e que ele conheça o tratamento. O parceiro deve auxiliar e não para atrasar o processo.

Pompoarismo é indicado?

Talvez você tenha ouvido falar que o pompoarismo (ou ginástica íntima), que é uma série de exercícios que melhoram a musculatura íntima, é indicado para vaginismo, dispareunia ou vulvodínia. Isso é um grande equívoco! O pompoarismo tem o objetivo de melhorar a condição muscular proporcionando mais força, resistência, agilidade, coordenação e endurance. Para a dor, é necessário exercitar o relaxamento, com técnicas mais suaves, o inverso do que o pompoarismo propõe.

Como uso os dilatadores vaginais?

Os dilatadores servem para alongar, dessensibilizar e preparar a musculatura para o uso de absorvente interno, exame ginecológico e ter relações sexuais sem sentir dor ou desconforto. Mas, ao contrário do que o nome diz, eles não expandem o canal vaginal. Os acessórios alongam e logo que são retirados, a vagina retorna ao tamanho normal. Com a orientação de uso correta, progressivamente eles aumentam a capacidade de alongamento dos músculos sem ardência ou queimação. Como a manipulação é feita por você mesma, funcionam também como um instrumento para reduzir o medo e aumentar a autoconfiança ao manipular sua própria vagina.

Quando vou conseguir ter um orgasmo?

Você sabia que o orgasmo não depende de penetração? O principal ponto de excitação e prazer para as mulheres é o clitóris, uma área externa, acessível às mãos e sem necessidade de penetração. Então, todas as mulheres que sentem dor ou desconforto conseguem, antes mesmo de fazer um tratamento, conquistar seu prazer e orgasmo. Basta aprender a se estimular corretamente, seja sozinha ou acompanhada.

Quem tem dor no sexo consegue parto vaginal?

Geralmente, após o tratamento, todas as mulheres conseguem, sim, parto vaginal.
O mais importante é se preparar para esse momento. Inclua no seu planejamento o tratamento de reabilitação muscular, a fim de relaxar e eliminar tensões, inclusive, para você conseguir engravidar. Um programa de recondicionamento ajudará você a perder os medos de todo o processo, desde os exames pré-natais até o parto em si. Com auxílio adequado, a gestação poder ser muito tranquila.

Existem cirurgias ou medicamentos?

Infelizmente, não. Talvez você já tenha ouvido falar de anestésicos locais para reduzir a sensibilidade, mas essa alternativa é como “tapar o sol com a peneira”.
O mais adequado e eficiente é um programa de reabilitação muscular para desenvolver o relaxamento, alongamento e dessensibilização da vagina. Se, durante o tratamento, for descoberto que existe um septo vaginal ou outra irregularidade, aí sim, uma solução possível é um procedimento cirúrgico. Mas em 99% dos casos, a cirurgia não se aplica.

Existem formas de prazer sem penetração?

Sim, diversas! O corpo feminino inteiro é orgástico, ou seja, possui muitas possibilidades de prazer. Massagens, masturbação, sexo oral, e outras técnicas ajudam a relaxar e preparam o corpo e as emoções para a penetração. Não sei se você sabe, mas a vagina passa por algumas etapas para ficar apta à penetração, e isso leva em torno de 15 minutos. Para quem sente desconforto e tem medo, pode levar mais tempo. Por isso, é primordial que o casal foque em boas preliminares, pois elas proporcionam muito prazer. Você pode conhecer mais sobre o assunto no meu programa É assim que se faz: o guia do prazer feminino.

Não consigo colocar absorvente interno ou coletor menstrual, o que devo fazer?

Para quem sente dor, esses não são os produtos mais indicados. Uma mulher deveria ter tranquilidade em introduzir, pelo menos, um dedo no canal vaginal. Um absorvente interno pode ser de fácil aplicação, mas de difícil retirada, afinal, ele triplica de tamanho por causa da absorção do fluxo. E o coletor, requer mais autoconhecimento e prática para posicioná-lo corretamente.
Então, para quem sente dor e tem dificuldade com produtos de aplicação interna, indico o uso de absorventes externos, absorventes ecológicos, ou calcinhas menstruais.

Como devo fazer minha higiene íntima corretamente?

Durante o banho, você deve usar um sabonete apropriado para região íntima. Os sabonetes comuns possuem aromatizantes, corantes e outras substâncias que podem agredir a região da vulva, que é mais delicada.
Então, coloque o sabonete íntimo nas mãos e faça espuma. Aplique na região dos grandes lábios, no meio dos pequenos lábios, embaixo do capuz do clitóris, na região do períneo e no ânus. Evite deixar o sabonete agindo mais do que 30 segundos. Enxágue e pronto.

Será que minha vagina é normal?

Essa é uma grande dúvida de muitas mulheres que sentem desconforto durante o sexo.
Na minha experiência, são raras as vezes que encontramos “anormalidades”. Caso você já tenha feito avaliação com ginecologista, sabe se há algo a ser tratado. Do contrário, faça sua consulta para desencargo de consciência.
Provavelmente, seu problema de dor está relacionado à tensão muscular em excesso. O programa Quando Amar Dói tem o objetivo de solucionar isso.

Qual o melhor anestésico para não sentir desconforto?

Eu desaconselho o uso de qualquer tipo de anestésico na região íntima com o objetivo de facilitar a penetração. Esses produtos suspendem sim a dor na hora, mas não resolvem a origem do problema. A solução para a dor é um programa de reabilitação muscular.

O que eu não devo fazer quando tenho vaginismo?

Para quem tem vaginismo, o mais importante é não forçar a penetração. Quanto mais insistência, mais traumas emocionais são gerados. Caso você esteja em um relacionamento, converse com seu(sua) parceiro(a) para experimentarem outras formas de prazer que não envolvam penetração. Durante o tratamento para o vaginismo, fazemos uso programado de dilatadores que vão facilitar a penetração. A evolução acontece aos poucos e é muito diferente da tentativa de penetração de um pênis. Confie o no programa de reabilitação muscular, pois os resultados são definitivos, sem traumas e de assimilação leve.